Membros da parceria estratégica do projeto SmartArt, cofinanciado pela Comissão Europeia, visitam o Mosteiro de Tibães em Braga para aumentar a rede de colaboração na difusão do património cultural a partir das novas tecnologias.
O projeto Europeu SmartArt investiga novas formas de abordar o conhecimento do património cultural europeu. Um dos focos de interesse é o estudo dos conjuntos monásticos europeus e a sua influência na formação de uma identidade comum. Assim, os professores José Alberto Lencastre e Leandro Almeida, da Universidade do Minho em Portugal, membros da parceria estratégica do projeto SmartArt e membros do Centro de Investigação em Educação | Research Centre on Education (CIEd), realizaram uma visita de campo sobre a origem de tais mosteiros em Portugal. Esta visita contou com a colaboração do Dr. Paulo Oliveira, diretor do programa cultural do Mosteiro de São Martinho de Tibães, em Braga, que integra o património cultural do estado português. Este mosteiro foi fundado nos finais do século X, sendo reconstruído no século XI e convertendo-se, com o apoio real e a concessão das Cartas de Couto, num dos mosteiros mais ricos e poderosos do norte de Portugal. Com o Movimento de Reforma e o fim da crise religiosa entre os séculos XIV e XVI, o Mosteiro de São Martinho de Tibães presidiu à Congregação de São Bento de Portugal e Brasil, convertendo-se na Casa-Mãe de todos os mosteiros beneditinos, assim como um centro importante de difusão cultural e foco de desenvolvimento artístico e estilístico.
A sua importância está presente, também, pelo papel que desempenhou como uma autêntica “escola de construção” de um grupo de arquitetos, mestres pedreiros e carpinteiros, talhadores, douradores, marceneiros, desenhadores e escultores, cuja produção ativa, em todo o noroeste peninsular, esteve associada ao que de melhor se fez de arte portuguesa nos séculos XVII e XVIII. Ambiciosas campanhas de reconstrução e ampliação, decoração e redecoração foram realizadas ao longo desses dois séculos, sacrificando o antigo mosteiro românico, deixando testemunhos eloquentes, desde o maneirismo ao estilo rococó. Um dos principais artífices desta transformação foi André Soares, a quem se deve os retábulos do altar central e altares laterais, assim como dos púlpitos, todos eles considerados obras-chave do rococó português. No que diz respeito à escultura, é de destacar as obras de Frei Cipriano da Cruz. Deste modo, o mosteiro de Tibães transformou-se num conjunto arquitetónico harmonioso, de amplas dimensões, e uma das peças mais importantes do monaquismo português e do núcleo da rede beneditina no Noroeste Peninsular. Para além do templo e das dependências monásticas, organizadas à volta de vários claustros, deve chamar-se também a atenção para o cruzeiro de Tibães, nas imediações do antigo mosteiro.
Esta colaboração é de grande interesse para o projeto SmartArt, pois enquadra-se num dos seus objetivos, ou seja, a aproximação ao conhecimento do património cultural europeu a partir da utilização de recursos tecnológicos.